Saturday, July 16, 2016

Uma poesia de Alberto Szpunberg


Merkell, el matemático, desmonta las matemáticas

Alberto Szpunberg

Un hombre, el más solo de los solos, ¿es sólo el más solo de los solos? ¿es sólo un hombre solo?
en la boca del hambriento, por ejemplo, un día + otro día no son dos días sino una eternidad,
un árbol + otro árbol tampoco son dos ni mucho menos un bosque, aunque bajo la lluvia, sobretodo en otoño, cale hasta los huesos la tristeza,
una lluvia + los charcos entre las hojas + el camino de tierra que lleva hacia otros pueblos no son tres sino el mismo otoño del que hablaba,
las cuatro estaciones, a grosso modo, son siembra y cosecha,
cinco son los libros pero son uno y caben en una sola mano cuando ésta se abre como un libro,
la raíz cuadrada de un roble padece por cada hoja arrancada y se abraza a la tierra
desesperadamente hasta engendrar nuevos robles donde ya se oyen cantar los pájaros que se va siempre por las ramas,
no es lo mismo restar horas que la última hora o dividir de un golpe los pocos dientes que aún sonríen, dividir para gobernar no es dividir ni gobernar cuando amar es crecer y multiplicarse,
¿qué recta es la distancia más corta entre un pájaro y un suspiro, entre una vocal y una
          consonante, entre mañana y lo que vendrá?
Nunca alcanzan los dedos para contar ni un solo segundo de sufrimiento,
pero hasta el mismo infinito siente envidia de un corazón que ríe.


MERKELL, O MATEMÁTICO, DESMONTA ÀS MATEMÁTICAS

Um homem, o mais só dos sós, é só mais só dos sós? Ou é só um homem sozinho?
na boca do faminto, por exemplo, um dia + outro dia não são dois dias, mas, sim uma
eternidade
uma árvore + outra árvores tampouco são duas nem muito menos uma bosque, ainda que sob a chuva, sobretudo em outono, cale até os ossos de tristeza,
uma chuva + os pântanos entre as folhas + o caminho da terra que leva até outros
povos não são três senão o mesmo outono do qual falava,
as quatro estações, a grosso modo, são a semeadura e a colheita,
cinco são os livros, porém, são um e cabem em uma só mão quando esta se abre como
um livro,
a raiz quadrada de um carvalho padece por cada folha arrancada e se abraça à terra
desesperadamente até engendrar novos carvalhos onde se ouvem cantar os pássaros
que brincam sempre sobre os galhos,
não é o mesmo restar horas que a última hora ou dividir de um golpe os poucos dentes
que ainda sorriem, dividir para governar  não é dividir nem governar quando amar é crescer e multiplicar-se
que reta é a distância mais curta entre um pássaro e um suspiro, entre uma vogal e uma consoante, entre a manhã e o que virá:
Nunca alcançam os dedos para contar nem um só segundo de sofrimento,
porém, até mesmo o infinito sente inveja de um coração que ri.


Ilustração: vanderleyac.blogspot.com

No comments: