Thursday, January 14, 2016

Outra poesia de Roger Wolfe

                                                                                       
Rentapoem

Roger Wolfe

¿Os imagináis la poesía por encargo?
Que te pidieran un poema, por ejemplo,
sobre unas bragas o una lata de conserva.
Poemas para anuncios. Poemas
para bodas y bautizos. Poemas
por teléfono. Un 906 de la poesía.
Poemas para poner verde al enemigo,
poemas para sorberles el tarro a las chavalas.
Poemas para entierros. Poemas
para candidatos en campaña...

Se ha hecho ya, por supuesto.
No hay nada nuevo bajo el sol.
Lo extraño quizá sea que en estos tiempos
en que todo se compra y se vende
los poemas se empeñen en velar con semejante celo
por sus mezquinas idosincrasias personales.
Ni siquiera el plagio -creativo- está bien visto:
en el Siglo de Oro era un género; hoy día
es un delito. (Quién sabe si para ahorrarles el bochorno
a todos esos a los que no plagiaría ni su madre).

La economía de mercado acabaría de un plumazo
con ínfulas, rencillas y aspavientos:
a tanto el asunto, el verso o la palabra.
El que pueda pedir, que pida. Y el que no valga,
a poner ladrillos. Y que se joda.


Poema vendido

Já imaginou a poesia sob encomenda?
Que te pedissem, por exemplo, um poema
sobre umas calçinhas ou uma lata de conserva.
Poemas para anúncios. Poemas
para bodas e batizados. Poemas
por telefone. Um 906 da poesia.
Poemas para deixar o inimigo verde,
poemas para sorver o gosto das moças.
Poemas de funerais. Poemas
para os candidatos presidenciais ...

Se tiver feito, por suposição.
Não há nada de novo sob o sol.
O estranho é, talvez, que, nestes tempos
onde tudo é comprado e vendido
poemas se empenhem em garantir com semelhante zelo
por suas mesquinhas idosincrasias pessoais.
Nem sequer o plágio -criativo- é bem visto:
No Século de Ouro era um gênero; Hoje em dia
é um crime. (Quem sabe se para poupar o embaraço
todos aqueles a quem não plagiaria nem sua mãe).

A economia de mercado acabaria de uma paulada
com pretensões, brigas e confusões:
para tanta matéria, verso ou palavra.
O que pode pedir, que peça. E não vale a pena,
para assentar tijolos. E vá se lixar.


Ilustração: peregrinacultural.wordpress.com

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