Friday, October 23, 2015

E, de volta, Cortázar

La ceremonia                                
Julio Florencio Cortázar

Te desnudé entre llantos y temblores
Sobre una cama abierta a lo infinito,
Y si no tuve lástima del grito
Ni de las súplicas o los rubores,

Fui en cambio el alfarero en los albores,
El fuego y el azar del lento rito,
Sentí nacer bajo la arcilla el mito
Del retorno a la fuente y a las flores.

En mis brazos tejiste la madeja
Rumorosa del tiempo encadenado,
Su eternidad de fuego recurrente;

No sé qué viste tú desde tu queja,
Yo vi águilas y musgos, fui ese lado
Del espejo en que canta la serpiente.

A cerimônia

Te desnudei entre prantos e temores
Sobre uma cama aberta ao infinito,
E se não tive lástima do grito
Nem da súplica ou dos rubores,

Fui em troca o oleiro nos amanheceres,
O fogo e o acaso do lento rito,
Senti nascer sob a argila o mito
Do retorno das fontes e das flores.

Nos meus braços tecestes a madeixa
Rumorosa do tempo encadeado,
Sua eternidade de fogo recorrente;

Não sei que viste tu, desde tua queixa,
Eu vi águias e musgos, foi esse lado

Do espelho em que canta a serpente.  

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