Friday, April 25, 2014

Gabriel Celaya

CUÉNTAME CÓMO VIVES                                                         
    (CÓMO VAS MURIENDO)

Gabriel Celaya

Cuéntame cómo vives;
dime sencillamente cómo pasan tus días,
tus lentísimos odios, tus pólvoras alegres
y las confusas olas que te llevan perdido
en la cambiante espuma de un blancor imprevisto.

Cuéntame cómo vives.
Ven a mí, cara a cara;
dime tus mentiras (las mías son peores),
tus resentimientos (yo también los padezco),
y ese estúpido orgullo (puedo comprenderte).

Cuéntame cómo mueres.
Nada tuyo es secreto:
la náusea del vacío (o el placer, es lo mismo);
la locura imprevista de algún instante vivo;
la esperanza que ahonda tercamente el vacío.

Cuéntame cómo mueres,
cómo renuncias —sabio—,
cómo —frívolo— brillas de puro fugitivo,
cómo acabas en nada
y me enseñas, es claro, a quedarme tranquilo.


Conta-me como vives
     (Como vais morrendo)

Conta-me como vives;
Diz-me sensivelmente como passam os teus dias,
teus lentíssimos ódios, tuas explosões de alegrias
e as confusas ondas confusas que te levam perdida
na cambiante espuma de uma brancura imprevista.

Conta-me como vives.
Vem a mim, face a face;
diz-me tuas mentiras (as minhas são piores)
teus ressentimentos (eu também os padeço)
e este orgulho estúpido (posso compreender).

Conta-me como morres.
Nada teu é segredo:
a náusea do vazio (ou o prazer, é o mesmo);
a loucura imprevista de algum instante vivo;
a esperança que investiga teimosamente o vazio.

Conta-me como morres,
como renúncias-sábio,
como-frívolo-brilhas como puro fugitivo
como acabas em nada
e me ensinas, é claro, a ficar tranquilo.

Ilustração: foro.latabernadelpuerto.com

No comments: