Friday, May 24, 2013

Desespero


Como um deus sem dons
num mundo de ateus
chorei impotente o meu desespero.
Mil lenços molhei,
criei oceanos, rios, tempestades, raios e trovões.
No maior silêncio
bradei por teu amor
e, no menor papel, foi o maior ator.
Quase acreditei não sentir mais dor,
porém, tudo em vão
porque tanto sofri que, de repente, me vi
a maldizer o tempo, os sentimentos,
o mundo e a ilusão,
mas, nada estancou
tanto amor
sangrando lenta e cruelmente
no meu coração.

Ilustração: Cabeça de homem de Paul Klee

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