Friday, December 07, 2012

Vicente Aleixandre




El poeta se acuerda de su vida

Vicente Aleixandre

Perdonadme: he dormido.
Y dormir no es vivir. Paz a los hombres.
Vivir no es suspirar o presentir palabras que aún nos vivan.
¿Vivir en ellas? Las palabras mueren.
Bellas son al sonar, mas nunca duran.
Así esta noche clara. Ayer cuando la aurora
o cuando el día cumplido estira el rayo
final, ya en tu rostro acaso.
Con tu pincel de luz cierra tus ojos.
Duerme.
La noche es larga, pero ya ha pasado.


O poeta se recorda de sua vida

Perdoe-me: eu dormia.
E dormi não é viver. Paz aos homens.
Viver não é suspirar ou  pressentir palavras que ainda vivem.
Para viver nelas? As palavras morrem.
Belas são ao soar, mas, nunca duram.
Assim esta noite clara. Ontem, quando a aurora
ou quando o dia comprido estendeu seu raio
final, e, talvez, no  teu rosto ao acaso.
Com um pincel de luz fechei teus olhos.
Dorme.
A noite é longa, porém, já passou.

Ilustração: blogs.jovempan.uol.com.br

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