Monday, February 06, 2012

Rafael Farias Becerra


FRONTERA DE LAS DESPEDIDAS

Rafael Farias Becerra

Todos mis sueños han corrido como agua
Edith Södergran

He cruzado la frontera
alambrada de las despedidas
como se atraviesa el último
umbral hacia el paredón,
con el equipaje de mis sueños
yendo al encuentro de un boleto
para una bella plaza sembrada
de palomas. Me voy,
quizás me pierda
en el viejo laberinto de Creta
y demore en hallar
la puerta de salida.

He concluido la última hoja
de un calendario archivado
en mi pared y no tengo
otra lectura que me postre
al sillón apolillado,
me voy, quizás retorne
en una tarde violeta
cuando los pañuelos
enjuguen las aguas del olvido.

A fronteira das despedidas

Todos os meus sonhos hão corrido como a água
Edith Södergran

Eu cruzei a fronteira
cercada de despedidas
como quem atravessa o último
umbral até o paredão,
com a bagagem dos meus sonhos
indo ao encontro de um bilhete
para uma bela praça repleta
de pombos. Eu vou,
quem sabe me perca
no velho labirinto de Creta
e demore em encontrar
a saída.

Eu terminei a última página
de um calendário arquivado
na minha parede eu não tenho
outra leitura como sobremesa
da cadeira comida pelas traças,
me vou, talvez, retorne
em uma tarde violeta
quando os lenços de bolso
enxuguem as águas do esquecimento.

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