Monday, October 05, 2009

GOMES DE AVELLANEDA



Al Destino

Gertrudis Gómez de Avellaneda

Escrito estaba, sí: se rompe en vano
Una vez y otra la fatal cadena,
Y mi vigor por recobrar me afano.
Escrito estaba: el cielo me condena
A tornar siempre al cautiverio rudo,
Y yo obediente acudo,
Restaurando eslabones
Que cada vez más rígidos me oprimen;
Pues del yugo fatal no me redimen
De mi altivez postreras convulsiones.

¡Heme aquí! ¡Tuya soy! ¡Dispón, destino,
De tu víctima dócil! Yo me entrego
Cual hoja seca al raudo torbellino
Que la arrebata ciego.
¡Tuya soy! ¡Heme aquí! ¡Todo lo puedes!
Tu capricho es mi ley: sacia tu saña...
Pero sabe, ¡oh cruel!, que no me engaña
La sonrisa falaz que hoy me concedes.

Destino

Escrito estava, sim: se rompe em vão
Uma vez e outra a cadeia fatal,
E meu vigor por recobrar me afano.
Estava escrito: o céu me condena
A tornar sempre ao rude cativeiro,
E eu obediente acudo,
Restaurando elos
que cada vez mais rígidos me oprimem;
Pois, jugo fatal não me redime
De meu orgulho as convulsões passadas.

Eis-me aqui! Tua sou! Dispõe do meu destino,
De tua vítima dócil! Eu me entrego
Qual folha seca ao rápido torvelinho
Que a arrebata cego.
Tua sou! Eis-me aqui!Tudo o que podes!
Teu capricho é minha lei: saciar a raiva ...
Porém, sabes, ó cruel!, que não me enganas
O sorriso falaz que hoje me concedes.

1 comment:

Lia Noronha said...

Mensagens que dizem tanto para uma alma que ama...vc tem um bom gosto literário...meu querido amigo!!!
Bjus mil!!!