Wednesday, July 04, 2007

UMA RELEITURA

MIRROR

Sylvia Plath


I am silver and exact. I have no preconceptions.
Whatever I see, I swallow immediately.
Just as it is, unmisted by love or dislike
I am not cruel, only truthful —
The eye of a little god, four-cornered.
Most of the time I meditate on the opposite wall.
It is pink, with speckles. I have looked at it so long
I think it is a part of my heart. But it flickers.
Faces and darkness separate us over and over.


Now I am a lake. A woman bends over me.
Searching my reaches for what she really is.
Then she turns to those liars, the candles or the moon.
I see her back, and reflect it faithfully
She rewards me with tears and an agitation of hands.
I am important to her. She comes and goes.
Each morning it is her face that replaces the darkness.
In me she has drowned a young girl, and in me an old woman
Rises toward her day after day, like a terrible fish.


ESPELHO
Eu sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.
Tudo o que vejo engulo de imediato
De qualquer jeito, por amor ou por desgosto.
Não sou cruel, somente verdadeiro -
O olho de um pequeno deus, de quatro cantos.
A maior parte do tempo medito sobre a parede oposta.
Ela é rosa, com pontos. Tenho olhado tanto tempo para ela,
Que, penso, já faz parte do meu coração. Mas ela dança.
Rostos e sombras nos separam mais e mais.

Agora sou um lago. Uma mulher se dobra sobre mim,
Procurando me alcançar para saber o que ela realmente é.
Então ela se vira para aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
Vejo suas costas, e a reflito fielmente.
Ela me recompensa com lágrimas e o acenar das mãos.
Sou importante para ela. Ela vem e vai.
Em cada manhã é seu rosto que substitui a escuridão.
Em mim ela afogou uma menina, e de mim uma velha
Se ergue em sua direção dia após dia, como um terrível peixe.

2 comments:

Unknown said...

Gostei da tradução da Sylvia Plath!

Sergio

Saramar said...

O que um poeta não faz?
O que faz um espelho onde se afoga continuamente essa menina?

SAbe que veio a propósito, hoje que faço anos (como diziam os antigos).

beijos