Monday, March 19, 2007

UM POETA DE COSTA RICA

HADES O DEL DELIRIO

César Gonzalez Granados

Y de repente vi
una oscurísima punta de aguja,
una jeringa maldita escupiendo líquido negro
por su boca profana,
y penetró en la frontera de la retina,
atravesando mi ojo como en lenta caravana,
y me aferraba, y gritaba el horror de verla entrando
y el dolor de ya no ver,
y atravesó mi cerebro
y vomitó sus entrañas,
y una vez terminada la perversa cópula,
abandonó las mías lenta y torturantemente,
y ciego desde entonces,
limitado y ajeno al mundo
me pregunto agonizante día con día:
“¿Qué hice yo para merecer
que me miraras a los ojos?”

HADES OU O DELÍRIO
E de repente vi
Uma escurissíma ponta de agulha
Uma seringa maldita cuspindo um líquido negro
Por sua boca profana,
E penetrou na beira da minha retina,
Atravessando meu olho como em lenta caravana,
E se aferrava em mim, e gritava o horror de vê-la entrando
E a dor de já não ver,
E atravessou meu cérebro
E vomitou suas entranhas,
E uma vez terminada a perversa cópula,
Abandonou-me lenta e torturantemente,
e cego desde então,
limitado e alheio ao mundo
Me pergunto agonizante dia à dia:
“o que fiz eu para merecer
que me olhasses nos olhos?”

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