Friday, November 17, 2006

TRAINDO VALLEJO

Em geral traições não se explicam, mas, para quem estiver interessado, não levei em consideração algumas palavras por questões poéticas e ignorei a rima "erva" e "conserva" em português por achar grama mais adequado e por o "molho de lama" para conservar, é claro. O boi por corvo é mais brasileiro, capischo?

Intensidad y altura

César Vallejo

Quiero escribir, pero me sale espuma,
quiero decir muchísimo y me atollo;
no hay cifra hablada que no sea suma,
no hay pirámide escrita, sin cogollo.

Quiero escribir, pero me siento puma;
quiero laurearme, pero me encebollo.
No hay toz hablada, que no llegue a bruma,
no hay dios ni hijo de dios, sin desarrollo.

Vámonos, pues, por eso, a comer yerba,
carne de llanto, fruta de gemido,
nuestra alma melancólica en conserva.

Vámonos! Vámonos! Estoy herido;
Vámonos a beber lo ya bebido,
vámonos, cuervo, a fecundar tu cuerva.

Intensidade e Altura

Quero escrever, porém só me sai espuma,
Quero dizer muito mais e me atolo;
Não há nenhuma cifra que não seja suma,
Não há nenhuma pirâmide escrita, sem tijolo.

Quero escrever, porém me sinto puma;
Quero elogiar-me, mas me encabulo.
Não há porta fechada, em que não chegue a bruma,
Não há deus nem filho de deus, sem dar seus pulos.

Vamos, então, por tal razão só comer grama,
carne de pranto, fruta de gemido,
Nossa alma melancólica em molho de lama.

Vamos! Vamos! Eu me sinto tão ferido;
Vamos, pois beber muito mais que o já bebido,
Vamos, boi, fecundar o chifre bem nascido.

1 comment:

Lia Noronha said...

Que bela poesia...e tradução maravilhosa a sua...parabéns!Beijos com carinho de sempre.