Thursday, October 19, 2006

UM POETA PERUANO

FALSA POÉTICA (EL ENEMIGO)

Jorge Frisancho

No sueño ya con este espacio neutro, el de la palabra
y no he podido ver sino lo que pertenece ahora
a los recuerdos, en la otra banda de lo corporal.

Digo entonces: ¿qué será de mí cuando termine la noche
y qué es lo que soy en ella, esto que contemploy rí
e insoportablemente?

(En un peldaño oscuro del lenguaje o en el fondo del pozo
como en una frágil estrategia de las apariencias, mis sentidos son sólo estos sentidos fijos en la bóveda,
y mi lengua es ahora la del enemigo).

FALSA POÉTICA (O INIMIGO)

Não sonho já com este espaço neutro,
o da palavra e não pude ver senão o que agora pertence
às recordações, do outro lado do corporal.

Digo então: que será de mim quando a noite terminar
e concluir o que nela sou,
isto que contemplo e ri
insuportavelmente?

(Num degrau escuro da linguagem
ou no fundo do poço
como numa frágil estratégia das aparências,
meus sentidos são só estes sentidos fixos na abóbada,
e minha língua é agora a do inimigo).

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