Sunday, October 30, 2005

ESTRANHOS

Somos perfeitos estranhos
Apesar de tão chegados
Que o amor mal terminado
Nos parece tão presente
Quanto remoto passado.

Somos perfeitos estranhos
Na solidão tão conjunta
Falamos coisas sem nexo
E estamos mais distantes
Quanto mais fazemos sexo

Somos perfeitos estranhos
Como se vultos na névoa
Só temos intimidade
Quando nos envolve as trevas
Hipócritas da sociedade.

Somos perfeitos estranhos
Na maior proximidade
O que nos une é a Frieza
E se alcançamos o gôzo
Traz uma estranha tristeza.
(Do livro Imagens da Incerteza. Este poema foi musicado por Jaiel de Assis, parceiro de outras músicas. A maravilhosa fotografia é Helmut Newton, pescada na web).

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